segunda-feira, outubro 16, 2023

Esquerda, direita e INTEGRALISMO (09/04/1937)

 

Esclarecimento: A publicação do Artigo abaixo só foi possível graças ao laborioso e permanente trabalho de pesquisa do Prof. Victor Emanuel Vilela Barbuy, renomado investigador e estudioso da História do Brasil, do Direito Pátrio, da Doutrina Social da Igreja e do Integralismo, que compartilhou conosco – de sua rica hemeroteca - o brilhante escrito de Miguel Reale a seguir.

Victor Emanuel Vilela Barbuy, o mais brilhante Pensador Tradicionalista contemporâneo, publicou recentemente o sensacional Livro “Plínio Salgado, a Semana de 1922 e o Modernismo” que pode ser adquirido em https://loja.uiclap.com/titulo/ua39845/

Esquerda, direita e INTEGRALISMO (09/04/1937)

Miguel Reale

Si faltasse uma prova para demonstrar que o Integralismo é um movimento político, nítida e puramente nacional, nossos próprios adversários se encarregariam de no-la proporcionar com suas críticas e seus combates.

Desde que apareceu o Sigma no campo da política brasileira, temos sido violentamente combatidos pelas forças da Direita que nos consideram um perigo para o predomínio que elas sempre exerceram nas esferas econômicas da Nação. Compreendendo perfeitamente que o Estado Forte pelo qual propugnamos, não poderá ser minado por suas influências ocultas como o débil e complacente Estado liberal. Por outro lado, não deixam de acusar os camisas-verdes de extremistas propugnadores de medidas financeiras e econômicas pouco diferentes das que constituem o núcleo da doutrina comunista...

A atitude integralista em face da questão social, a compreensão que temos da necessidade de distribuir justiça, a defesa intransigente que fazemos dos direitos das massas trabalhadoras, a repulsa que manifestamos pelas formas e os processos burgueses de apreciar os problemas da coletividade, a nossa posição claramente firmada nos setores de todas as atividades proletárias, a pregação que desenvolvemos para o alcance de uma nova economia e de uma nova política, tudo isto apavora certos elementos da Direita que não passam de egoístas e reacionários.

Por sua vez, as Esquerdas se colocam no polo oposto, procurando formar no espírito do povo uma impressão desfavorável sobre o Integralismo, por elas apresentada como simples perpetuação do poderio burguês e capitalista. Para os homens do comunismo e do socialismo, o Sigma é símbolo de opressão das massas, o emblema da reação patronal. Em verdade si as Esquerdas tentam levantar contra nós uma onda de repulsa e de ódio, é porque sentem a capacidade extraordinária que possuímos de conquistar o coração dos humildes e arrebatar as forças populares. Sentem os agitadores vermelhos que, dia a dia, vamos cativando a confiança das massas obreiras, sem nunca as arrastar à estupidez da destruição de tudo o que constitui a herança espiritual da civilização cristã.

Para as Direitas, o Integralismo é esquerdista; para as Esquerdas o Integralismo é direitista. Analisando esses juízos tão contraditórios dos dois grupos que encarniçadamente disputam o poder, o observador sincero e imparcial é forçado a uma única conclusão que é a seguinte: o Integralismo nada tem que ver nem com esquerdas, nem com direitas, pois é um movimento essencialmente nacional, desligado de todo e qualquer grupo particular, inteiramente alheio às disputas facciosas.

Em hipótese alguma seremos o anteparo dos interesses burgueses. Em hipótese alguma, pactuaremos com os marxistas na obra destruidora dos valores éticos da nacionalidade e da Cultura. Assim sendo, é claro que soframos os rudes ataques das forças da anti-pátria, das forças dissociadoras de cima e de baixo.

As Direitas querem conservar certas cousas que tambem nós queremos que sejam conservadas. As esquerdas, por outro lado, querem mudar e revolucionar determinadas cousas que nós tambem achamos necessário mudar e revolucionar. Isto não quer dizer, porém, que nos identifiquemos com umas ou com as outras. O que fizemos foi o estudo das pretensões de umas e de outras, chegando à conclusão de que ambas possuíam parcelas da verdade, mas parcelas da verdade que nada valiam isoladas ou postas umas contra as demais. Integramos e superamos as duas correntes. Colocamo-nos acima delas para Julga-las melhor. Harmonizamos o justo conservadorismo de umas com o justo revolucionar ismo das outras. Surgimos, então, como uma força nova, com diretrizes ideológicas preciosas, com uma linha de conduta inexoravelmente reta, e a intransigência própria dos que estão animados de legítima vontade de construir para durar.

Não somos nem da Direita, nem da Esquerda, porque não pertencemos a nenhuma classe, a nenhum grupo. Somos síntese porque a Nação é síntese. Somos a integração dos valores espirituais e materiais da Pátria. E na Pátria só os estrábicos enxergam direita e esquerda.

Publicado n’A RAZÃO, em 09 de Abril de 1937, p. 3.

sexta-feira, maio 27, 2022

JORNAIS SEM PROBIDADE (Editorial de A Offensiva)

 JORNAIS SEM PROBIDADE*

A indústria do “canard” usada como arma de combate.

Os “Diários Associados” e seus métodos reprováveis

Criticando um ato do governo da Bahia, referente à suspensão do pagamento da dívida externa, manifestou esta folha sua desaprovação a tal medida. E fê-lo dentro de um dos mais comezinhos princípios básicos do Integralismo, qual é o da absoluta uniformidade de atitudes dentro do plano nacional. A nação inteira está farta de saber qual o ponto de vista do Integralismo em relação ao nosso serviço de dívida externa. Todos sabem que faremos a necessária revisão desse serviço, e em hipóteses alguma deixaremos de saldar o que, após rigoroso e sereno exame, representar nosso débito real, puro e simples. Isso, porém, só se pode compreender, embricado no corpo de um sistema, obedecendo a um plano nacional, a que todos os serviços estaduais deverão harmonicamente subordinar-se. E não foi isso o que se passou no caso da Bahia; mas ao contrário; em pleno vigor do esquema Oswaldo Aranha, plano financeiro que tem como centro de gravidade o governo da União, um Estado singularmente isolado, foge à norma geral em vigor, e, desrespeitando ostensivamente o critério da Unição, toma uma atitude em inteiro desacordo com aquela que vem sendo assumida pelo governo Central.

Acresce, ainda, a tudo isso, a circunstância de que tal medida assecuratória do direito do Brasil, contra a cupidez dos banqueiros sem pátria, não deve deixar sem garantias os portadores de títulos nossos, que afinal nenhuma culpa tiveram de se tornarem seus possuidores, pois se o fizeram foi por lhes ter sido proclamada a seriedade do emissor.

O Estado Integral estudará os meios de extirpar o cancro do intermediário, e de vincular os direitos de tais portadores diretamente ao seu  acervo de obrigações; e isso não se pode obter sem um aparelhamento financeiro adequado.

E foi sob essa nota de A OFFENSIVA que os “Diários Associados” ensaiaram um dos seus habituais escândalos, reveladores de uma certa apertura na gerência, e de incrível desembaraço das leis e normas que fazem a ética mais elementar da imprensa de responsabilidade.

Se os dirigentes de tais diários julgam conhecer a psicologia do público, e creem que destarte podem, à vontade, jogar com ela, não se devem esquecer, como bons psicólogos de que esse público já os conhece de sobra, e começa já a identificar com eles os seus novos processos jornalísticos.

Culminando (ou melhor, prosseguindo, porque é difícil saber-se a que culminâncias irá o inescrúpulo de tal gente), prosseguindo na sua campanha de mentiras contra o Integralismo o “Diário da Noite” anuncia uma crise no Integralismo, porque o sr. Souza Dantas emitiu sua opinião pessoal sobre o caso. Pobres homens, os que pensam dividir os camisas verdes com manchetes espetaculares...

Em tal “palpite”, como lhe chama o próprio sr Souza Dantas, é difícil saber-se onde acaba a má fé e onde começa a candura, pois todo ele é de uma mediocridade comovedora e, até certo ponto, destoante da capacidade técnica que os Diários Associados têm revelado na indústria da mistificação. Tanto que soube do “palpite” o sr. Souza Dantas correu à redação e escreveu as linhas que abaixo publicamos.]

Tudo isso é, como se vê, profundamente desolador. Não pretendemos, de resto, fazer polêmica com tal imprensa. Não podemos estar daqui a perder tempo com jornais que desconhecem rudimentos de ética, e que possuem uma filosofia toda especial que os tranquiliza a eles, e que a nós outros, causa simplesmente nojo, repugnância e tristeza.

DECLARAÇÃO DO SR. SOUZA DANTAS

Sr. redator.

Lendo o “Diário da Noite” de ontem, extraí os títulos e subtítulos com que aquele jornal apresentou ao público algumas declarações minhas, a respeito da suspensão de pagamento por parte do governo da Bahia.

Seria estranhável, efetivamente, que a simples manifestação de uma opinião que em nada colide com a diretriz da ação Integralista, recentemente traçada no manifesto publicado pelo Chefe Nacional, sr. Plínio Salgado, pudesse servir de motivo ou pretexto à irrupção de uma crise, no Integralismo.

Não há, nem haverá, por minha causa, crise alguma, visto como não há discordâncias doutrinárias que pudessem justificá-la.

Entendo que A OFFENSIVA não foi nem poderia ir de encontro à orientação traçada no manifesto, com a qual estou de pleníssimo acordo. O que A OFFENSIVA vem criticando é a “forma”, não a substância do ato do governo baiano. O que ele estranha e censura não é a resolução de suspender pagamentos, e sim as circunstâncias isoladas que cercaram essa resolução. A singularidade desse procedimento, excepcional dentro do “esquema” Oswaldo Aranha, é que  A OFFENSIVA quer apontar como danosa à orientação e ação do governo federal.

Como se vê, não há qualquer motivo para crises, pelo que lhe peço o obséquio de desautorizar categoricamente semelhante “palpite”.



* Editorial transcrito do jornal A OFFENSIVA, Rio de Janeiro, 04 de Fevereiro de 1936, págs. 1 e 8, graças à generosa cooperação do Pesquisador Matheus Batista que nos deu acesso ao recorte pertencente a sua riquíssima hemeroteca. Para compreender a importância histórica do editorial deve se ler também o seguinte: O Problema das Dívidas Externas


domingo, julho 04, 2021

UMA PALAVRA AOS COMUNISTAS

 

Companheiro Moisés J. Lima
Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira - FIB

UMA PALAVRA AOS COMUNISTAS

JAIME REGALO PEREIRA

Não quero terminar esta minha exposição sem dar uma palavra aos comunistas que me lerem. Como irmãos que somos, embora com ideais diferentes, quero com eles conversar um pouco para mostrar-lhes que contra eles não nos animam sentimentos de ódio ou mesmo de desprezo. São eles ovelhas que por desídia dos pastores se transviaram e hoje se encontram à mercê de elementos estranhos à nossa nacionalidade, aos nossos sentimentos, às nossas tradições, às nossas conquistas, às nossas aspirações, ao nosso progresso e ao nosso futuro.

Uma palavra, pois, para convosco, meus irmãos comunistas.

Ninguém vos contou até hoje em que solo mergulhou o comunismo as suas primeiras raízes. Sabeis que a doutrina comunista nasceu do movimento socialista e gira principalmente em torno às ideias expendidas no meado do século passado[1] por Karl Marx. Ao lado deste formou Engels os 2 como os pais do socialismo científico. O socialismo político foi fundado por Louis Blanc, Lassalle e Blanqui e o socialismo econômico e filosófico teve como precursores Saint Simon, Fourier e Owen. Agora, o que não sabeis: todos esses homens tidos e havidos como criadores do socialismo, inclusive Karl Marx, eram burgueses. Além destes, convêm citar o nobre Miguel Bakounine e o príncipe Pedro Kropotkine que se fizeram anarquistas. Na história do socialismo apenas um homem partido do proletariado teve uma atuação notavelmente destacada: Proudhon, saído da classe dos tipógrafos. Concluímos então que a origem do movimento proletário foi essencialmente burguesa. Este mal de origem se tem continuado até hoje. Enumerai os chefes comunistas de hoje e dizei-me qual deles saiu da classe proletária. Que sabem esses homens de hoje e que sabiam aqueles de ontem dos sofrimentos, das amarguras, das necessidades, da fome e do frio experimentados pelos desprotegidos da sorte?

Aqueles de ontem eu os comparo aos nossos líderes abolicionistas: poetas, jornalistas e oradores, intelectuais que viram na escravidão da raça negra um motivo magnífico dentro do qual se inspiraram para comporem os seus poemas, os seus artigos e os seus discursos. Cantaram e pregaram a emancipação dos nossos escravos, mas, com ela só se preocuparam até o momento em que o governo expediu o decreto abolicionista. O que lhe interessava era apenas o sofrimento da raça negra e não a sua felicidade. Libertos os negros, libertos os escravos, eles por aí ficaram ao abandono dos governos, ao abandono dos abolicionistas. Ao abandono da sociedade. Dos negros só quiseram  as torturas para com elas comporem os versos mais sonoros, os artigos mais inflamados e os discursos mais candentes.

Na Europa não haviam negros e escravos em cujo sofrimento pudessem os pensadores se inspirar para as suas elucubrações e as suas doutrinas. Mas, se não havia uma raça que sofresse, havia no entanto uma classe que padecia. E foi então nos padecimentos dessa classe que os intelectuais burgueses foram buscar o motivo para a sua imaginação criadora, para os seus poemas, para o seus artigos e para o seus discursos.

E os socialistas de hoje? De socialista, eu vos asseguro, só têm eles o rótulo. Egressos também da burguesia; desfrutando como qualquer outro burguês ou capitalista hodierno os prazeres da vida fácil; enriquecendo-se à custa de prestígios políticos momentâneos; raivosos e despeitados com o governo por lhes ter retirado os cargos bem remunerados, todos eles só veem no movimento proletário uma arma para as vindictas pessoais ou para o esnobismo estéril e pecaminoso.

Pedi a qualquer um deles que vos ofereça uma sugestão racional para a solução dos problemas sociais. Não as têm. A eles só interessam as doenças do proletariado e não a sua cura. Só cuidam eles de reavivar as vossas chagas, fazê-las sangrar e torná-las mais dolorosas para vos acirrar o ódio e enlouquecer-vos e vos atirar como animais bravios contra os seus inimigos de hoje. Com quem estarão amanhã, si novamente forem chamados, de braços dados à gozar e a viver os prazeres fáceis da vida. E vós que trabalhais a vida dura, que sofreis a vossa desgraça, que chorais as vossas dores, continuareis trabalhando e sofrendo e chorando.

Não, meus irmãos comunistas, não permitais que essas bestas feras continuem a explorar as vossas amarguras. Eles são as hienas e os chacais a revolverem eternamente os cadáveres da miséria alheia. Eles são as hienas e os chacais que só se alimentam de dores e sofrimentos. Não concorrais por conseguinte, para que se satisfaçam os seus mórbidos apetites.

É esta a palavra que aqui vos deixo. Ela reflete em toda a sua plenitude os nossos sentimentos de compaixão pelas vossas dores. No terreno da desgraça e na hora do sofrimento vós nos encontrareis sempre compartilhando com as vossas desgraças e convosco chorando as vossas dores. Não nos preocupamos tão somente com as vossas doenças, mas queremos sobretudo o vosso restabelecimento. Para isto sacrificamos todo o bem estar que poderíamos desfrutar, percorrendo sem desfalecimentos não só os centros populosos das cidades, mas também os lugarejos esquecidos e o sertão agreste, onde quer que haja um coração que sofra, onde existir uma alma em pranto.

Essa é a grande força atrativa do nosso movimento: a sinceridade. Não conhecemos o ódio, como não conhecemos a mentira. Com o nosso grande Chefe Nacional aprendemos a falar sempre a linguagem da verdade e a pregar o amor aos nossos semelhantes. Pelos nossos lábios falam sempre os nossos corações e o nosso olhar é a expressão objetiva das nossas almas. Todos voltados para vós, todos cuidado de vós. Porque vós sois – ó proletários do Brasil – os que mais sofrem e o nosso movimento é um apostolado de sacrifício e de dor.

PEREIRA, Jaime Regalo. DEMOCRACIA INTEGRALISTA. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1936; p. 77 e segs.

O trecho transcrito acima foi lido pelo Companheiro Moisés Lima em uma palestra do seu canal.



[1] O A. refere-se ao Século XIX.

 


quarta-feira, setembro 18, 2019

CONFUSIONISTAS

Ubiratan Pimentel da Silva*

Na atualidade, a Doutrina do Integralismo sofre a avalanche dos pseudo-Integralistas; dos desinformados que acham que conhecem ou que são Integralistas. Estes tipos gostam de confundir o Integralismo com idéias e movimentos que em nada tem a ver com a “Palavra Autorizada do Chefe Nacional”.  Confundem Integralismo com Skinheads; com a tal da Terceira Posição; com os discursos do Enéias; e outros com as diversas religiões, como se o Integralismo fosse confessional em alguma delas. Os Integralistas da “Velha Guarda” os chamariam de Confusionistas. Este Confusionismo cria, realmente, um “jogo de xadrez” no meio Integralista.

Todo aquele que quiser pertencer aos quadros das Milícias dos Camisas Verdes e, também, das Blusas Verdes, têm, antes que fazer o que fez São Francisco de Assis: Ficar nu e mergulhar de corpo e alma na “Idéia Nova”. Mas, o que significa, para a Doutrina do Integralismo, ficar nu? Significa se livrar da roupagem das “idéias mortas” e do “ranço de visões políticas deturpadas”.  É o que nós Integralistas chamamos de “Revolução Interior”. Mas, para se chegar à este patamar da abertura da mente, temos que conhecer e refletir com o devido despreendimento dos “ranços”, já mencionados, a “Palavra Autorizada de Plínio Salgado”

Um Vibrante Aná-uê!


* Σ – Nova Friburgo (RJ). Historiador. Presidente Nacional do Partido Integralista – PI (em organização).

domingo, julho 23, 2017

Brevíssimas considerações sobre Plínio Salgado e o Catolicismo

O nome do insigne Pe. Leonel Franca inscrito em Monumento Integralista no Rio de Janeiro.

Victor Emanuel Vilela Barbuy

Plínio Salgado jamais foi sincretista e panteísta (o que vale para os demais líderes integralistas) e qualquer um que leia sua obra religiosa percebe isso. Aliás, lembro que Plínio Salgado teve sua obra elogiada por grandes príncipes da Igreja e pensadores tomistas da mais alta envergadura e que conheciam profundamente sua obra e seu pensamento. Nenhum movimento cívico-político recebeu tantos elogios de grandes autoridades da Igreja quanto o Integralismo. Assim como lembro que tanto Pio XI quanto Pio XII defenderam a união, no campo político, de católicos e não católicos. Recomendo a leitura das obras “O Integralismo perante a Nação”, de Plínio Salgado, e “Solidarismo e os sistemas fascistas”, de Padre Everardo Guilherme, que trazem inúmeras opiniões favoráveis ao Integralismo de algumas das mais eminentes autoridades católicas d’aquém e d’além mar: Quase todos os bispos e arcebispos do Brasil dos anos 1930, bem como diversos grandes bispos, arcebispos e cardeais europeus e pensadores católicos elogiaram largamente o Integralismo e Plínio Salgado e muitas vezes também recomendaram aos católicos que se filiassem à Ação Integralista Brasileira. A própria revista “La Civiltà Cattolica” e o jornal “Osservatore Romano” publicaram artigos altamente elogiosos a Plínio Salgado e o Integralismo.

Plínio Salgado foi escolhido por príncipes da Igreja de ortodoxia inegável para representar o laicato católico brasileira nas Conversações Católicas de San Sebastián, onde se destacou na defesa da Fé Católica e se tornou amigo do então Pe. Lefebvre, a quem citou mais de uma vez na obra “Direitos e deveres do homem”.

Recomendo o ensaio “Plínio Salgado na Tradição do Brasil”, do grande pensador católico e tomista espanhol Francisco Elías de Tejada: http://www.integralismo.org.br/?cont=912&ox=10

Ressalto que o Integralismo brasileiro é um só e que nada tem de sincretista, pagão e naturalista, e que Plínio Salgado e o Integralismo sempre colocaram a Fé acima da Economia e da Política, tendo Plínio criado o lema “Primeiro, Cristo!”, título, aliás, dum de seus mais importantes livros católicos. E ressalto, ainda, que a posição de Plínio Salgado em relação à União entre a Igreja e o Estado e a liberdade religiosa, que consta da obra “Direitos e deveres do Homem”, se fundamenta na Encíclica “Libertas”, de Leão XIII, e lembro que a editora integralista “Panorama” publicou o “Syllabus” e Plínio Salgado proclamou, em seu excelente prefácio à obra “Pio IX e seu tempo”, de Villefranche, a sua total adesão ao “Syllabus”.

Não há afirmação de politeísmo algum no “A Quarta Humanidade”, que fala apenas do politeísmo, e ressalto que no prefácio de “A Quarta Humanidade” afirma a Fé Cristã, entendida como católica. A tese central de “A Quarta Humanidade” é a mesma da obra “A crise do Mundo Moderno”, do Pe. Leonel Franca. O Estado Integral, nas palavras de Plínio Salgado, “vem de Cristo, inspira-se em Cristo, age por Cristo e vai para Cristo”, obedecendo aos preceitos de Sua Lei, chamada Lei Divina por Santo Tomás de Aquino, assim como aos preceitos da Lei Natural, também denominada Lei Moral.

Plínio Salgado, bem como outros líderes integralistas, deixaram claro, em diversos momentos, que a única Religião Verdadeira é o Catolicismo. Qualquer pessoa sã vê em seus escritos que o Deus dele é o Deus Uno e Trino do Catolicismo.

Por fim, lembro que, na Encíclica “Caritate Christi Compulsi”, Pio XI pregou a união, no campo político, de todos os que creem em Deus, independentemente da religião, e que Action Française, largamente admirada por D. Marcel Lefebvre jamais foi um movimento confessional e, diversamente do Integralismo, cujos mais importantes líderes eram católicos, seus líderes principais eram abertamente agnósticos.

domingo, junho 25, 2017

Integralismo e Catolicismo - Alguns Documentos

Marcelo Albuquerque Magalhães*

IGREJA CATÓLICA E O INTEGRALISMO (Década de 30)

Falam ilustres arcebispos do Brasil sobre o movimento integralista e a pessoa de Plínio Salgado:

São conhecidas as nossas simpatias para com a doutrina integralista, em que nada vemos que possa impedir a um católico de abraçá-la. E a este propósito, folgamos de ver semelhante conceito confirmado em recente livro, aprovado por autoridade eclesiástica qual é o Ciência e Religião, fato significativo sob vários aspectos e maximé por se tratar de manual apologético destinado a Seminários e Escolas. Francisco, Arcebispo Metropolitano de Cuiabá.

Quanto nos permitiu um exame atento sobre o assunto, é nossa convicção nada haver no Integralismo que colida pelo menos com a doutrina da Igreja Católica. Joaquim, Arcebispo Metropolitano de Florianópolis.

Os católicos tem ampla liberdade de abraçar o Integralismo. Não vejo incompatibilidade entre a doutrina integralista e a moral católica. Formo o melhor conceito do Chefe Nacional, Plínio Salgado, julgando-o um católico verdadeiro, e um patriota sincero. Carlos, Arcebispo Metropolitano do Maranhão. (posteriormente, Cardeal Arcebispo de São Paulo e de Aparecida).

Plínio Salgado, patriota, sem jaça, que, almejando a máxima felicidade nacional em todos os seus departamentos administrativos, levanta do extremo norte ao sul o lábaro da sagrada trilogia Deus, Pátria e Família, única que bem e sinceramente praticada, salvará a Terra de Santa Cruz, espiritual e temporalmente. Octaviano, Arcebispo de Campos.

O ideal Integralista, segundo penso, está de modo a captar todas simpatias das almas vibrantes de fé patriótica, já é possuidor de alta cultura cívica e religiosa nos seus grandes homens que são credores de ótimos serviços prestados à Pátria e à Igreja. Merecem, portanto, as bençãos do Senhor e do Brasil católico. Invocamos para eles essas preciosas Graças. Antônio, Arcebispo – Bispo de Jaboticabal.

O Integralismo merece toda a simpatia do clero. Manuel, Arcebispo Metropolitano de Fortaleza.

No momento gravíssimo que atravessamos, o Integralismo é uma força viva em defesa dos fundamentos morais da Pátria Brasileira. Francisco, Bispo de Campinas.

Com agrado tive a notícia da Páscoa dos Integralistas, tendo à frente o Chefe Nacional. É de máxima relevância este fato. Hermeto, Bispo de Uruguaiana.

Basta saber ler para verificar a superioridade de orientação do Integralismo em face dos graves problemas da vida, comparados com os partidos da Liberal Democracia. Quem, chefiando um movimento nos moldes do Integralismo fala e escreve com o desassombro, a energia e a franqueza com que fala e escreve o Sr. Plínio Salgado, tem o direito a ser crido com respeito. José, Bispo de Bragança.

Aconselhamos aos bons católicos e ao Clero que prestigiem o Integralismo, único meio de ação, atualmente, capaz de impedir a derrocada tremenda que ameaça a religião e a Pátria. Cada dia nos convencemos mais de que a atuação do Governo Central da República em relação ao na Capital Federal se expande sem a menor coação, é uma manifestação patente e indiscutível da Providência Divina, inspiradora desse meio poderoso e eficaz da salvação do País. Se, pois, no Integralismo temos uma escola de patriotismo são e uma ideologia muito aproximada da Doutrina Católica, prestigiá-lo será fazer da nossa parte para que Deus nos ajude, sobretudo na hora incerta e perigosa que vivemos. Manuel, Bispo de Aterrado.

Assim como o governo da República permite a livre propaganda do Integralismo, a Igreja também recebe em seu seio, como filhos benvindos, os Camisas Verdes que se recolhem em seu recesso para implorar as bençãos do Senhor para a obra grandiosa que estão realizando. José, Bispo de Niterói.

Manifesto a minha satisfação por tão franca orientação do Integralismo, cujos chefes se aproximando da Mesa Eucarística na celebração da Páscoa, deram um belo exemplo de Fé. Ranulfo, bispo de Guaxupé.

O Integralismo, fiel ao seu lema, '”Deus, Pátria e Família” merece meus aplausos, principalmente nos tempos que correm. Antonio, Bispo de Assis.

Sendo o Integralismo um partido político perfeitamente legal e sendo o programa de acordo com a doutrina católica e por isso mesmo diametralmente oposto às ideologias nefastas do comunismo, ele merece todos os meus aplausos, sobretudo no momento atual. Fernando, Bipo de Jacarezinho.

Plínio Salgado é espírito inteligente e culto, orientado por sólidos princípios católicos e em cujas atividades transparece a profunda e segura visão de sábio sociólogo e sincero patriota, desejoso de bem servir à Causa de Deus, da Pátria e da Família, trilogia base insubstituível de todo o sistema que não se nutre de utopias, nem transige com ambições de interesse pessoal. Luís, Bispo de Uberaba.

Li o livro “Porque é que sou Integralista”, que é ao mesmo tempo um libelo e um programa, uma profissão de fé e nacionalismo, desse nacionalismo sadio e construtor, robusto e cristão, do qual tanto carecemos na hora presente. Henrique, Bispo de Cafelândia.

Os nossos parabéns, a nossa palavra de conforto e as nossas bençãos para esses bons brasileiros que, como soldados de Cristo e sob a proteção de Maria Santíssima, gloriosa padroeira do Brasil, sustentam a luta pela Família e pela Pátria contra o tenebroso e cruel comunismo, cheios de entusiasmo e prontos para todos os sacríficos. Avante, Amigos, com fé em Deus. Avante, Deus o quer! Deus está conosco. Eduardo, Bispo de Ilhéus.

Li a entrevista sobre o Integralismo , concedida à “Ação”, jornal diário de São Paulo, por S. Excia. o Revmo. Sr. Dom José Maurício da Rocha, refulgente figura do Episcopado, cuja pena tem sempre brilhado na defesa de nobres ideias. Basta provir, portanto, dessa inteligência lúcida de um dos mais conspícuos representantes do Episcopado Nacional para que tenha em mim, um valor real e estimativo muitíssimo importante. Adalberto, Bispo de Pesqueira.

Felicito os Integralistas pelo belo exemplo de disciplina e de fé que acabem de dar a todo o Brasil, cumprindo tão altaneiramente e sem peia de respeito humano o dever da Páscoa . Deus abençoará aqueles que observam suas leis.  Vicente, Bispo de Corumbá.

"Deus, Pátria e Família", nobre divisa do Integralismo, como de todo o homem que raciocina cristãmente. Família formada nos grandes ideais cristãos, fundada sobre o santo temor de Deus e compenetrada do seu santo dever para com Deus, eis o novo porvir de uma Pátria grandiosa. Inocencio, Bispo de Campanha.
“Jornal do Brasil”, 11 de novembro de 1937.

Conversações de San Sebastian (1948)

1948 — Plínio Salgado é convidado a comparecer às Conversações Católicas Internacionais, realizadas em San Sebastian, na Espanha, diretamente pelo Arcebispo de Santiago de Compostela, D. Bellester Nietto, para colaborar na redação de uma “Carta dos Direitos e Deveres do Homem”, tendo a sua orientação sido a vencedora, e o primeiro artigo ficado assim redigido: “O Homem é um ser feito a imagem e semelhança de Deus, seu criador, possuindo uma alma imortal, dotada de inteligência e de vontade livre. Ele deve encontrar na sociedade civil os meios de cumprir seus deveres e exercer seus direitos correlativos, conforme as finalidades da sua natureza e sua vocação divina”.

1948 — Direitos e deveres do homem (trabalho apresentado nas Conversações Católicas de San Sebastian, Espanha), Livraria Clássica Brasileira, Rio de Janeiro, 1949. (3ª ed., Editora das Américas, São Paulo, 1956. Obras Completas de Plínio Salgado, vol. V)


Plínio Salgado com SÃO JOÃO XXIII (1962)

Coloquei em letras garrafais SÃO JOÃO XXIII só para irritar vocês sedevacantistas ou criptosedevacantistas e supostos tradicionalistas e apologetas de facebook, vaidosos, pretenciosos, e que faltam com a caridade. Travestem-se de tradicionalistas aos domingos e adoram contendas, picuinhas, etc. Se acham os donos da verdade e sempre acham a Igreja pós conciliar errada, mas, não vão à rua evangelizar. Ficam só no whatsapp e facebook criando contendas desnecessárias.


*S. Historiador. São Paulo (SP)

sábado, maio 20, 2017

Não se pode servir a dois senhores

André Torres*

1)  O Integralismo é um movimento político que possui uma Doutrina com profunda Consciência Espiritualista e Cívica, não é um movimento exclusivamente religioso, portanto, mesmo tendo suas raízes históricas e seus princípios bem definidos sobre a égide da Cristandade, em especial da influência Católica, isso não o torna exclusivamente Católico, muito menos anticatólico.

2) Os Integralistas não possuem apenas um perfil de profunda Espiritualidade, mas, um perfil de Conduta a qual se põe em frente ao materialismo contemporâneo em suas duas formas bestiais: O capitalismo e o comunismo. Quanto a isso, ouso dizer que, o Integralismo é um dos poucos movimentos do mundo que, em sua intrépida e isolada resistência, tem se mantido muito mais leal aos Valores da Cristandade do que muitos que dizem representar a Santa Igreja alegam fazer.

3)   Vale lembrar, não se pode servir a dois senhores: A usura e aos desígnios do Senhor. Este argumento torna os Católicos pró-liberais também indignos de portar a Cruz?! Ou as malícias das infiltrações marxistas, como na teologia da libertação e a corrupção interna da Igreja ao aceita-la?! A este julgamento deixamos a Deus e à meditação daqueles que realmente conhecem as Escrituras. O Integralismo jamais reivindicou a posse de Deus para servir a sua causa como esses outros movimentos políticos fizeram e fazem. É exatamente por isso que este mesmo não se auto intitula “Católico” e ou “anticatólico” como o querem rotular. Apenas serve ao desígnio da Alta Cultura e da Espiritualidade, principalmente na Concepção Cristã a qual é basilar em sua Doutrina e postura. Seu estandarte permanecerá sempre à servitude (e não a mesquinha posse e sujeição destes à sua causa) de DEUS, da PÁTRIA E DA FAMÍLIA.

Nada mais a declarar. A Marcha continua. AVANTE! FIDELITAS!

*Brasília - DF